Uma História Da Magia - Batilda Bagshot
(**This book is a translated version of "A History of Magic"/Este livro é uma tradução**) O livro ideal para iniciantes em História da Magia, sendo inclusive leitura obrigatória para alunos do primeiro ano de Hogwarts. Escrito pela famosa bruxa historiadora Batilda Bagshot, "Uma História da Magia" se torna um livro indispensável para todos aqueles interessados em desbravar o passado do mundo da magia.
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05/31/21
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Capítulo 4: Primeiras Comunidades Mágicas: As Américas
Chapter 4
Os povos indígenas das Américas, também conhecidos como Nativos-Americanos, foram um grupo muito diversificado de pessoas, abrangendo desde o que é agora considerado Canadá até os modernos Chile e Argentina. Todas essas sociedades possuíam tribos que integravam povos mágicos e não-mágicos ("Trouxas"), com bruxos e bruxas desenvolvendo tradicionalmente papéis importantes em suas comunidades. De importante interesse para a história mágica são a cultura Clóvis em todas as Américas, os povos Olmecas do México, e os Maias do sul do México e norte da América Central. Esta seção irá fornecer uma introdução às principais influências que bruxos e bruxas tiveram dessas culturas e como essas culturas influenciaram as comunidades mágicas atuais, particularmente nas áreas que as tribos eram anteriormente concentradas.
Migração para as Américas
Acredita-se que os primeiro povos migraram para as Américas entre 28.000 A.C e 10.000 A. C. Trouxas frequentemente acreditam que os primeiros povos migraram da Ásia para uma parte no extremo norte da América do Norte através de uma ponte de terra que já foi coberta nos dias de hoje pelo Estreito de Bering. Historiadores mágicos concordam sobre esse ponto já que a migração aconteceu bem antes da invenção das vassouras e antes do desenvolvimento do método de transporte da Aparatação. Contudo, historiadores mágicos proeminentes consideram que a migração teria sido extremamente difícil, se não impossível, sem bruxos e bruxas para ajudar os antigos Trouxas nas curas, multiplicações dos suprimentos, e na utilização de um primitivo feitiço dos Quatro Pontos para suporte navegacional. Uma vez nas Américas, os povos migraram através do conjunto de Continentes, pela América do Norte e do Sul, criando civilizações separadas com diferentes culturas e sistemas de crenças, mas em todas elas, foi colocada uma grande importância nas pessoas dotadas de magia das comunidades, em parte por causa da ajuda que os bruxos e bruxas primitivos deram para seus colegas Trouxas em sua jornada.
Cultura Clovis
Acredita-se fortemente que o povo Clovis foi o primeiro a viver nas Américas, embora recentemente tenha havido alguns debates entre os Trouxas quanto a veracidade de tal fato, devido os novos métodos de datação dos Trouxas no campo da 'ciência'. Os mais notáveis historiadores da magia especializados na antiguidade continuam com a convicção de que os Clovis foram, de fato, a primeira civilização das Américas que envolveu bruxas e bruxos.O nome 'Clovis' é bastante recente, originado nos anos 30 com as descobertas de vários artefatos feitas pelos arqueólogos Trouxas. Enquanto feiticeiros já possuíam evidências da existência desse povo, para minimizar a confusão, historiadores mágicos preferiram adotar o mesmo nome que os Trouxas para os registros. Desta forma, o estudo da história pode se dar sem a barreira entre as comunidades mágicas e não-mágicas. A esperança é de que isso dê aos futuros historiadores da magia a opção de utilizar os registros dos Trouxas para solidificar e expandir seus conhecimentos, pois, conforme a ciência se aprimora, têm se revelado como um instrumento cada vez mais e mais útil ao campo da história tanto para os grupos de mágicos quanto para os de não-mágicos.
Os Clovis são conhecidos por terem usado tanto ossos quanto marfim na fabricação de ferramentas; acredita-se que o osso tenha sido ideia dos Trouxas, mas o uso do marfim parece resultar da contribuição de Bruxos num esforço de encorajar seus colegas Trouxas a usarem todas as partes dos animais abatidos, incluindo as presas de mamutes. Muitos historiadores da magia acreditam que, além disso, um feiticeiro primitivo foi o responsável por sugerir o mamute como possível presa, oferecendo suas habilidades em magia aos seus companheiros homens para derrubar a poderosa besta. Alguns historiadores mágicos acreditam que, sem a ajuda da magia, os Trouxas seriam incapazes de matar animais tão grandes, embora essa seja a fonte de muitas contendas entre diversos historiadores que questionam se os bruxos e bruxas dão menos crédito do que é devido aos povos Trouxas.
Os Clovis migraram por toda America do Norte e do Sul e se fixaram em diversas áreas. Contudo, eventualmente, eles começaram a entrar em decadência. Historiadores da magia acreditam que o declínio se deu devido a combinação de uma menor disponibilidade de megafauna, ou mais importante, assim como os mastodontes nas Américas, e um resfriamento climático maciço que tornou difícil a sobrevivência dos povos não-mágicos. Enquanto que bruxos e bruxas conseguiam simplesmente executar Feitiços de Aquecimento, os Trouxas morriam frequentemente devido a complicações causadas pelo frio, e os bruxos e bruxas se dispersaram em outras populações com o passar do tempo. Quando os Clovis morreram, parte de sua cultura viveu em outros povos Americanos primitivos, mas foi apenas na década de 30 que os Trouxas finalmente deram um nome à primeira cultura que migrou pelos dois vastos continentes.
Povos Olmecas
Os Olmecas foram a primeira grande civilização do México. Os povos Olmecas viviam nas planícies tropicais do centro-sul do México, onde hoje se localizam os estados de Veracruz e Tabasco. A civilização prosperou durante o que é chamado de Período Formativo Mesoamericano, de cerca de 1.500 A.C. à 400 A.C. Bem mais cedo, por volta de 2.500 A.C, as civilizações pré-Olmecas floresceram nessa área, mas os Olmecas não surgiram até 1.600-1500 A.C.
É importante ressaltar que, os Olmecas possuíam uma sociedade muito bem estruturada, muito mais que os antigos povos Clovis, que pareciam ter sido menos hierárquicos. Os Olmecas foram uma das primeiras civilizações, juntamente com os Maias (que serão discutido mais abaixo), a colocarem os bruxos e bruxas em sua própria classe de elite em suas comunidades, acima das classes dos artesões, trabalhadores braçais, e fazendeiros.
Na civilização Olmeca, bruxos e bruxas compunham o topo de duas classes dominantes—dos governantes e dos xamãs—e estavam logo acima do clero dos Trouxas. A classe governante parece ter uma conexão direta com as deidades adoradas pelos Olmecas, mas muitas dessas conexões percebidas com os deuses são consideradas agora como magia descoberta acidentalmente pelos jovens feiticeiros na sociedades Olmecas. Quando esses jovens, sem controle sobre suas habilidades, acidentalmente demonstravam possuir magia, isso era visto como um ato direto dos deuses, uma proclamação do próximo governante, e pelo fato de bruxos e bruxas possuírem pouco conhecimento a respeito da origem de seus poderes naquela época, a crença de que se tratava de uma intervenção divina era fortíssima. Historiadores da magia, através de registros antigos, perceberam que esta seria a explicação mais provável do como governantes considerados com o que parecia ser uma maior ligação com os deuses eram escolhidos, embora ainda hajam discussões entre os principais especialistas.
Os bruxos e bruxas dos povos Olmecas amavam artigos de luxo envolvendo jades, obsidianas, e magnetitas. Existem algumas evidências que indicam que esses bruxos e bruxas usavam esses materiais em formatos simbólicos como um auxílio mágico, para aumentar seu poder com a ajuda de substâncias naturais. De fato, houveram varinhas primitivas cobertas com obsidianas e jade encontradas por historiadores da magia, embora investigações atuais mostrem que essas pistas decorativas podem ter inibido o poder mágico das varinhas ao invés de melhorá-lo. Magnetita era um material comumente utilizado em almofarizes e pilões por bruxos e bruxas na cultura Olmeca onde se acreditava que aumentava a potência dos preparos, mas desde então tem sido provado que, alguns materiais funcionam melhor em contato com poções, mas magnetita não é um deles e que essa foi apenas uma mera suposição entre os povos Olmecas baseada no brilho e na beleza do material.
A Grande Pirâmide é a marca mais essencial do povo Olmeca e sinaliza uma das mais importantes influências que bruxos e bruxas tiveram sobre os Trouxas no México naquela época. Atualmente, possui 112 pés de altura e o formato cônico, mas quando foi originalmente construída, tinha o formato retangular com escadas laterais e cantos bem definidos. Essa pirâmide tinha a maior estrutura da Mesomérica, e não teria sido construída sem a ajuda mágica. Até hoje, Trouxas se sentem intrigados com maravilhas como as pirâmides, mas os historiadores da magia sabem que os povos mágicos ajudaram os povos não-mágicos da época a construírem templos aos seus deuses mútuos. Bruxos e bruxas primitivos usaram a arte da magia para aliviar as cargas dos trabalhadores Trouxas e também ajudaram a aperfeiçoar a forma e a simetria de tais monumentos. A Grande Pirâmide foi a maior obra colaborativa entre Trouxas-Bruxos da civilização Olmeca.
Uma grande parte da cultura é arte, e os Olmecas tiveram traços artísticos impressionantes que fizeram seus artefatos destacarem de outra arte desse mesmo período: eles fizeram cabeças colossais, muitas vezes com mais de 9 pés de altura. Enquanto Trouxas têm se intrigado com isso por séculos, historiadores da magia sabem que esse é um outro exemplo importante da influência que bruxos e bruxas tiveram em suas tribos de Trouxas. Feiticeiros incentivaram a adoração da cabeça pois já haviam chegado à conclusão que o cérebro era o que separava os humanos dos animais, e as bruxas e os bruxos dessa época acreditavam que haviam diferenças-chave entre os cérebros de mágicos e não-mágicos que os separavam em termos de capacidade.
Entre 400 A.C. e 350 A.C., a civilização Olmeca desapareceu. Investigações de Trouxas apontam que as razões disso são principalmente ligadas ao ambiente, mas muitos historiadores mágicos sustentam a crença que os povos mágicos e os não-mágicos Olmecas deixaram de conviver em conjunto tão pacificamente quanto conviviam antes. Algumas evidências indicam que os povos não-mágicos escolheram se ramificar e viver separados das classes dos governantes e dos xamãs, mas, após tanta dependência da ajuda mágica em todos os aspectos da vida–desde agricultura à construções até necessidades farmacêuticas–eles se encontraram terrivelmente despreparados. Os povos mágicos, provavelmente insultados pela insinuação de que seus colegas não queriam mais sua ajuda, já haviam se mudado na altura em que os Trouxas mudaram de opinião, e a sociedade Olmeca se desfez, seu declínio acelerou-se pelas alterações ambientas que a ciência Trouxa diz ser a razão principal por trás do declínio Olmeca.
Povos Maias
Os maias foram uma civilização mesoamericana que ocupou o sul do México e o Norte da America Central aproximadamente na mesma época em que a cultura Olmeca estava estava prosperando no Centro-Sul do México. No entanto, a cultura Maia durou muito mais tempo, tendo seu auge na Era Comum (E.C.), e continua, de fato, existindo até hoje. Os maias são conhecidos por serem a unica civilização Mesoamericana a terem criado uma língua escrita completa e também por seus avanços significativos nos campos da matemática, da arquitetura, das artes, e da astronomia, muitos dos quais podem ser creditados à influência mágica na cultura Maia.
A civilização Maia pode ser dividida em vários blocos históricos de tempo. De interesse nesse capítulo estão o período Pré-Clássico Precoce, que abrange de 2000 A.C. à 1000 A.C, e o Pré-Clássico Médio, que se estende de 1000 A.C. à 400 A.C.
O Período Pré-Clássico Precoce é significativo pois marca o momento em que os Maias começaram a mudar seu estilo de vida de povos caçadores-coletores nômades para sociedades agrícolas organizadas em aldeias. Historiadores mágicos acreditam que essa mudança gradual se deu, em parte, devido aos bruxos dos povos mágicos na cultura Maia que passaram a achar mais rentável plantar a comida do que buscá-la. Acredita-se que os bruxos e bruxas da civilização Maia usaram sua magia para auxiliar os Trouxas na agricultura e se beneficiar desta ao serem capazes de utilizar ingredientes extras em suas poções, uma arte que os feiticeiros Maias estavam muito interessados em progredir, mas não puderam fazê-lo completamente pois seus povos estavam em constante mudança de locação para locação.
Devido à proximidade dos Olmecas, as duas civilizações iniciantes negociavam uma com as outra e uma influenciou a outra. Ambas as sociedades possuíam sistemas de escrita, embora o sistema Maia tenha sido mais avançado e baseada na fonética em vez de símbolos que representassem as ideias (como os hieroglifos Egípcios), e ambas fizeram importantes avanços nos campos da matemática e da astronomia; ambas civilizações usaram o conceito de "zero" e as duas usavam calendários.
Pelo ano de 1000 A.C., o período Pré-Clássico Médio já havia começado. A sociedade se tornou mais complexa à medida que desenvolvia raízes numa comunidade ao invés de se mover como nômades. Artigos de luxos para a elite começaram a surgir, tais como mosaicos de jade e, especialmente, espelhos de obsidianas. Historiadores da magia acreditam que os antigos feiticeiros experienciavam a arte da Adivinhação usando esses espelhos como ferramentas primitivas de vidência. Há indícios que eles eram muito populares entre os "videntes" da época, embora Adivinhos atuais teriam rido de tal material ser usado para a Adivinhação nos dias atuais. Durante esse período, os Olmecas estavam em seu apogeu cultural, seu ponto mais alto, e os Maias estavam à meio caminho. As relações entre as duas civilizações ligadas pelo comércio é considerada positiva já que os Maias foram fortemente influenciados pela cultura Olmeca, em tudo desde a dieta (milho, e principalmente, a planta de cacau), crenças religiosas (as onças-pintadas foram fundamentais para ambas religiões), e até mesmo na linguagem.
A arquitetura da civilização Maia era bastante avançada para aquela época. O mais importante para a história mágica é a noção de que os templos e as pirâmides da civilização Maia eram reformadas a cada 52 anos, de acordo com o calendário deles. Os Trouxas especularam isso e, até a data, não tem certeza se isso é verdade ou não, mas na opinião de historiadores da magia este é um fato. Na verdade, historiadores da magia acreditam que foram os bruxos e bruxas da comunidade Maia que deram inicio a isso, pois, na numerologia, 52=5+2=7. Sete é e, e mesmo em tempos antigos, foi um número importante na magia, e os feiticeiros Maias reconheciam isso, usando-o conscientemente na manutenção de seus templos e pirâmides.
Outro aspecto importante da cultura Maia que é rica de influências dos bruxos e bruxas antigos que viveram entre eles é a importância da astronomia, e o avanço do conhecimento que os Maias tinham dos céus. O ciclo lunar era extremamente importante para eles, primeiramente devido a influência que tinha nas poções com as quais os Maias trabalhavam. A influência de antigos feiticeiros deram aos Trouxas primitivos a visão da importância de tais ciclos.
A integração da sociedade é a causa primária dos extraordinários avanços que tais civilizações antigas fizeram. A influência que povos mágicos tiveram sobre a sociedade essencialmente não-mágica não pode ser ignorada. Sem os bruxos e bruxas primitivos, essas culturas provavelmente não teriam durado o tanto que duraram, nem teriam feitos tantos avanços na astronomia e na matemática como fizeram sem a influência de povos mágicos.
Ao longo das Américas Norte, Central e Sul, as civilizações anteriores ao ano de 350 A.C. que migraram aos continentes estavam fortemente integradas. Bruxas e bruxos, particularmente nas culturas Olmeca e Maia, eram tidos como membros da elite das sociedades, reverenciados por suas habilidades e seus talentos na astronomia e em outras artes mágicas. Embora pouco se saiba sobre a cultura Clovis, os Maias e os Olmecas viveram em vilarejos agrícolas e cidades com uma hierarquia social estruturada, com a maior parte dos bruxos e bruxas próximos ao topo dessas cadeias. Materiais como obsidianas, jades, e magnetitas eram frequentemente utilizados em ferramentas mágicas primitivas, tais como varinhas antigas, espelhos de vidência, e almofarizes e pilões. A influência conjunta dos povos não-mágicos sobre povos mágicos e vice-versa levou a uma rica tapeçaria de cultura que teria sido inexistente sem essa crucial cooperação entre estes dois grupos agora segregados.